Dois estrangeiros foram presos e uma embarcação explodiu e naufragou, no domingo (18), em operação conjunta da Polícia Federal em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, com a Marinha do Brasil. Um administrador inglês, de 47 anos, e um marinheiro grego, de 53, foram presos suspeitos de provocar incêndio em embarcação e pôr em risco a vida de outras pessoas. A informação só foi divulgada nesta terça-feira (20).
De acordo com a Polícia Federal, os homens estavam no veleiro 'River Baby', de bandeira inglesa. Eles tinham saído do Recife no dia 15 de outubro, com destino à África. No entanto, ao passar pela ilha de Fernando de Noronha, a embarcação tinha tomado outra rota, em direção à Europa. "É uma rota de tráfico de drogas, e eles mudaram de direção sem explicação plausível", explicou o chefe de comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro.
Na manhã do sábado (17), o barco foi abordado por um navio-patrulha da Marinha, com equipes da corporação e da PF. A polícia não encontrou entorpercentes, mas decidiu encaminhar o barco para o porto mais próximo, que era o Porto do Recife, para realizar uma busca mais aprofundada. Segundo a PF, uma parte do veleiro, que aparentava ter sido alterada, seria desmontada.
Já que não havia flagrante, os suspeitos estavam sendo conduzidos dentro da própria embarcação. Durante o trajeto, percebeu-se que uma janela estava aberta e o porão do veleiro estava inundado. De acordo com a PF, também houve muita fumaça saindo do compartimento dos motores, que tinham sido acionados por um dos suspeitos. Os homens foram retirados da embarcação e levados para o navio-patrulha da Marinha, que acompanhava a operação. O veleiro, então, explodiu no mar.
Para a polícia, o incidente foi causado pelos próprios estrangeiros, na tentativa de não serem flagrados com drogas. "Na abordagem, os policiais demoraram um tempo para entrar no veleiro. A gente acredita que eles se aproveitaram desse tempo, cerca de dois ou três minutos, para violar o motor e abrir essa janela para entrar água, sabotando o navio. A gente acredita sim que eles sabotaram o navio para se livrar do flagrante", disse ainda Giovani Santoro, da Polícia Federal, destacando que um dos suspeitos, por ser marinheiro, tinha experiência e conhecimento de causa para provocar o incidente.
Ao chegar no Recife, os suspeitos foram socorridos para o Hospital da Restauração e, após receberam alta médica, foram presos em flagrante. Eles foram autuados por causar incêndio em embarcação, "expondo em perigo a vida e integridade física de outrem", e podem pegar penas que variam de 3 a 6 anos, se forem condenados.
A Capitania dos Portos de Pernambuco também instaurou um inquérito para apurar as causas do incidente. Destroços do veleiro estão sendo procurados para que seja feita uma perícia. A investigação tem um prazo de 90 dias para ser concluída. Os suspeitos foram encaminhados ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, onde estão à disposição da Justiça.