“Quatro pessoas morreram em decorrência da falta de medicamentos.” A denúncia é da presidente da Associação de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar de Pernambuco, Waneska Kramer. A instituição atribui as mortes à falta de algumas medicações fornecidas pela Farmácia do Estado.
A mais recente vítima, segundo a organização, foi da jovem Jaqueline Ferreira, 15 anos, que não resistiu ao agravamento da doença e morreu no Procape, em Santo Amaro. O problema motivou a associação a acionar o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pedindo providências contra a gestão estadual.
A adolescente, natural do município de Joaquim Nabuco, na Mata Sul, foi enterrada na tarde da última terça-feira (22), na presença de familiares que estão consternados com a morte prematura da jovem. De acordo com Waneska Kramer, a garota sofria da hipertensão em decorrência de cardiopatia congênita e há seis meses não tinha a liberação de dois remédios essenciais para o tratamento: Sildenafila e Bosentana. “A última vez que ela recebeu os medicamentos foi em dezembro passado. Juntas, as duas medicações custam em torno de R$ 5 mil”, comentou.
Outra paciente da rara doença que está temerosa com a situação é a aposentada Andreia Moura, 41, que há oito meses não recebe a Sildenafila e Bosentana, além de outra medicação: Iloprosta. “Diariamente, tenho complicações pela interrupção do tratamento. São desmaios, cansaço, inchaço pelo corpo.” Há também transplantados que depedem de remédios para que não haja rejeição dos órgãos.
A promotora de Saúde da Capital, Ivana Botelho, disse que o MPPE vem acompanhando a situação. “Além de fiscalizar, estamos cobrando do Estado uma solução. No mês passado, fizemos audiência e o Executivo alegou problema no fornecimento”, disse. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) esclareceu que o fornecedor já foi notificado e que aguarda que o abastecimento da droga Sildenafila seja feito de forma imediata. Além disso, a pasta ressaltou que os medicamentos Bosentana e Iloprosta estão em processo final de aquisição para os pacientes assistidos por ordem judicial, no entanto, não há previsão para reposição.
Folha PE